Cultura de Inovação - 8 Pilares - Convicção para Inovar - por Charles Schweitzer

Artigo

17 Julho, 2019

Atendendo ao chamado da Inova Business School, passarei a escrever mensalmente um artigo e, começarei com a série "Os 8 Pilares da Inovação", 8 artigos, portanto. Neste artigo, escreverei sobre a "Convicção para Inovar", o primeiro pilar:

1 Convicção para Inovar;
2 Liderança engajada com Inovação;
3 Equipe engajada com Inovação;
4 O Comitê de Inovação;
5 Tendências;
6 Processos que habilitam a Inovação;
7 Recursos que habilitam a Inovação;
8 Ambientes que habilitam a Inovação.

MODELOS MENTAIS

Quando foi a última vez que você gostou de ouvir uma música nova pela primeira vez? Não é de hoje que dizem que o Rock Morreu. A frase, se minha pesquisa estiver correta foi proclamada pela Banda "The Who" em 1972 e, a culpa é toda nossa. Segundo um estudo do serviço de streaming Deezer que entrevistou mais de 5.000 pessoas, se você tiver mais do que 28 anos de idade, você acaba criando um hábito de ouvir sempre as mesmas músicas.

E, bom, se você criou sua playlist rígida em torno de bandas como AC/DC, Led Zeppelin, Metalica, Iron Maiden, Pink Floyd e não faz a menor ideia de quem seja Muse ou Bring Me The Horizon, você provavelmente está realmente matando o Rock, ou a inovação do Rock. A gente simplesmente perde o interesse pelo novo ou ainda pior, repete a exaustão que "já não se faz música como antigamente".

A pergunta que fica é: Se somos tão inflexíveis em relação a um tema tão legal quanto música, qual não será nossa reação diante de tecnologias emergentes ou inovações em nossas empresas e negócios que podem balançar os alicerces de nosso tão suado status quo?

Lição de Casa deste artigo (em doses homeopáticas), comece ouvindo a Playlist "00 Rock Anthems" no Spotify e, bem, se você ainda não tiver o Spotify, você já sabe o que tem que fazer...

CONVICÇÃO TEM A VER COM PROPÓSITO

A jornada de inovação não pode começar simplesmente porque determinados rankings, publicações, ou artigos têm destacado empresas por fazê-lo, ou, pior ainda, porque a concorrência "criou uma área de inovação". É importante saber o PORQUÊ de se começar a jornada de inovação. E, para suportar esta decisão, há 2 matrizes que fundamentais.

A primeira, a matriz que classifica a inovação:


Há que se entender primeiro o que é inovação. Vamos pegar um exemplo simples, do nosso dia a dia. Se você acha que o iPhone 8, ou o Galaxy S8 não são uma inovação, bom, é melhor conhecer os tipos de inovação.

Em essência existem 2 tipos de inovação. A inovação incremental, que confere pequenas melhorias a algo que já existe (1 megapixel a mais de resolução, 15 minutos a mais de autonomia de bateria, 1mm a menos de espessura, 10g a menos de peso...) e, a inovação disruptiva, que efetivamente muda tudo. Muda produto, muda mercado, muda modelos de negócios. O Smartphone causou a disrupção do negócio dos celulares. E, o IPhone causou a disrupção do negócio dos Smartphones.

Agora que você já entendeu que existem estes dois tipos, vamos percorrer mais alguns exemplos:

A Inovação Disruptiva do Tipo Radical, agrega tecnologia a um modelo de negócios existente. A Netflix é a velha e boa BlockBuster alugando filmes e séries através de um meio essencialmente novo (tecnológico). A Internet. Resta a pergunta: Por que temos hoje a Netflix e não a BlockFlix?

A Inovação Disruptiva do Tipo Ruptura, muda o modelo de negócios com a mesma tecnologia ou competência disponível. Mesmo depois da digitalização da Enciclopédia Barsa ou de outras, para o mesmo fim, o modelo continuava centralizado. Empresas ou Bureaus eram os exclusivos responsáveis por produzir todo o conhecimento para a humanidade. O Wikipedia, causou a ruptura deste modelo de negócios permitindo a qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, em qualquer idioma produzir conteúdo. Mais uma vez a pergunta que me inquieta: Por que temos hoje a Wikipedia e não a Barsapedia?

A Inovação Disruptiva do Tipo Arquitetural, muda ao mesmo tempo a tecnologia, a competência e o modelo de negócios. O RealState e a Mobilidade encontravam-se extremamente concentrados no mundo. Poucas empresas. Poucos players controlando a oferta em um modelo que evoluia lentamente. Chegam Airbnb e Uber, mudando completamente o modelo de negócios, sem nenhum ativo físico, com a participação de micro-workers, habilitados por uma plataforma tecnológica e rapidamente conquistam o mundo. E, e pergunta permanece: Por que não Hiltonbnb? Por que não Volksuber?

Se você já entendeu que as empresas que não inovam correm o risco de desaparecer ou se tornarem mais e mais irrelevantes no nosso dia a dia, ótimo, você começa a descobrir o propósito de se inovar. Contudo, a busca não deve ser exclusiva e incansavelmente pela disrupção apenas. Note que a Apple continua gozando de um grande sucesso mundial. Isso não aconteceria se ela tivesse lançado apenas o primeiro iPhone e estivesse aguardando a próxima disrupção para lançar um produto. 

"Inovação Incremental e Disruptiva são igualmente importantes!"
    
A segunda matriz diz respeito ao plano de resultados a ser perseguido pela inovação. 

A Inovação é uma jornada. Não há atalhos. Você não acorda um dia dizendo: "somos inovadores" e a mágica acontece. É preciso se percorrer os estágios. O tempo que se vai permanecer em cada estágio dependerá de outros fatores. Em essência, dependerá de todos os outros 7 pilares da inovação. 



O primeiro estágio é o APRENDIZADO e, nesta etapa, o retorno esperado tem a ver com "imagem". A empresa passa a frequentar eventos de inovação, interage com Startups, Aceleradoras, Incubadoras. O comportamento é de participante e envolve curiosidade. Nesta etapa toma-se contato com diversos processos e pessoas que já respiram o ecossistema de inovação e possuem grande conteúdo a compartilhar e ensinar. 

O segundo estágio tem a ver com PERFORMANCE. Nesta etapa, quantifica-se o resultado da inovação. ROI e Payback continuam a ser medidas válidas. Mas não exclusivas. A esta altura, a tolerância ao erro é comodity. Como regra, contudo, os times sabem que devem errar rápido, errar pequeno e não repetir. Os pilotos ou MVP's entregues com KPI's devem inspirar roll-outs ou a "escalada" do projeto.

O último estágio tem a ver com INVESTIMENTO. Comprar ou tomar equity em startups? Promover Spin-Offs ou o surgimento de outras empresas é a nova tônica. O risco é o risco de investidor. Os ganhos podem ser efetivamente exponenciais. A empresa tem o potencial inclusive de se tornar uma plataforma que melhora todo o seu segmento, provendo soluções inclusive para seus competidores.

Um bom exemplo de uma empresa que atingiu este patamar é a Amazon.Com que com seu braço de tecnologia AWS oferece ao segmento varejista, por exemplo, microserviços desenvolvidos originalmente para a sua empresa matriz e que hoje são comodities como o "One-Click-Buy".

LET'S GO!

Forme a sua convicção. Saiba sempre o porquê de você querer criar ou fomentar a criação de uma área de inovação. Defina os primeiros parâmetros a serem alcançados. Um roadmap pode ser muito útil já que não há atalhos. Mas, lembre-se criar convicção para inovação é só o primeiro elemento de oito. Não ter os outros sete igualmente desenvolvidos será o primeiro passo para que você crie a falsa convicção de que "inovação não funciona", ou ainda de que "inovação é apenas imagem". 

Nos vemos no mês que vem... Vamos percorrer o tema "Liderança engajada com Inovação