Neuromarketing - A Neurociência e o Mundo Digital - por Julien e Fernando

Artigo

05 Novembro, 2018

Damásio já dizia que "Se temos uma emoção, provavelmente não a sentiremos! Sentir é um processo muito distinto a ter uma emoção!", e isso faz-nos acreditar que a emoção é uma dimensão constante na nossa vida, mas ainda de difícil identificação e previsão plena no mundo digital. 

O mundo digital afeta o cérebro de forma incrível, vejamos o ato de mudar de foco de atividade leva o córtex pré frontal e o corpo estriado a queimarem mais glicose, o que por sua fez faz com que as reservas energéticas  se consumam mais rapidamente, logo ficamos mais cansados.

Receber novas informações ativa os mecanismos de recompensa, iniciando um novo ciclo de procura continua, levando a elevados níveis de inquietação e stress.

A utilização de Web Analytics para analisar os padrões de comportamento são ótimas, mas ainda não conseguimos analisar pelo digital, em real time e pessoalmente emoções dos utilizadores, o que existe sim são aplicações das boas práticas da Neurociência e Economia Comportamenal aplicadas aos layouts dos web sites, imagens utilizadas, conteúdos, cores ou design. 

Acredito que o futuro passa pela capacidade de integrar o máximo de informação pela via off e online, mas o único caminho para saber é perguntar, seguir e analisar, o que ainda só conseguimos em pleno presencialmente.

Por exemplo, a recolha das métricas dos perfis das redes sociais, Facebook, Linkedin, etc, como aconteceu com o caso de Cambrige Analytics para a eleição de Donald Trump, através da Apply Magic Sauce, são indicadores da tentativa de definir perfis psicológicos dos utilizadores, mas ainda baseados em históricos de navegação e envolvimento web.

Hoje os dados e as métricas sofrem alterações e limitações, vejamos por exemplo a RGPD (Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados 2016/679 é um regulamento do direito europeu sobre privacidade e proteção de dados pessoais, aplicável a todos os indivíduos na União Europeia e Espaço Económico Europeu), que acaba por influenciar o ecommerce, e obriga as marcas a repensar a sua lógica de relação.

Por isso levar a cabo estudos de neurociência para a utilização digital, deverá ainda passar um misto de estudos de presenciais em contexto laboratório, focus group, estudos de relatos emocionais, aplicação de escalas psicológicas, etc... isto porque o digital ainda não permite uma análise tão profunda quanto desejamos.

Acredito que mais do que ser cognitivo, a marca deverá "falar" com os seus utilizadores, e personalizar contactos, e aqui os chatbots, a AI, podem e irão ajudar e muito.

Julien Diogo 

CCO ICN Agency