Negócio sem sal enferruja - O Tempero Certo - por Raphael Müller

Artigo

10 Julho, 2020

Não é sempre que acontece. Mas de vez em quando, nos deparamos com uma frase, um texto, uma imagem, uma música ou uma história que nos impacta profundamente, provocando uma avalanche de pensamentos e emoções.

A última vez que senti esse impacto foi em julho do ano passado. Estava com minha família em Fortaleza, em uma viagem de férias e fomos visitar o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. O local é considerado um dos principais centros culturais do Brasil e dizem que ir à Fortaleza e não visitar o Dragão é como ir ao Rio de Janeiro e não conhecer o Cristo Redentor.

Estávamos explorando o lugar, quando minha esposa me parou e alertou sobre aquela frase na parede: "É a vida sem sal que te enferruja". Imediatamente sentimos o efeito e ficamos debatendo sobre os diversos ensinamentos que existiam por trás daquelas palavras.             

O título desta coluna surgiu dessa experiência. Mas, e o que seria um negócio sem sal? Para mim, negócios sem sal são aqueles que perambulam dia após dia, trimestre após trimestre, sem uma estratégia adequada para alcançar os objetivos.   

Muitas empresas sem sal acreditam possuir estratégia, mas surpreendem-se ao constatar que falharam, apesar de terem definido os objetivos mercadológicos, as metas de custos e receitas e as ações operacionais que as farão chegar até eles. Na realidade o que faltou foi o "tempero estratégico" e como diz Michael Porter, "uma empresa sem estratégia faz qualquer negócio".

Suponhamos que você decida escalar uma montanha. O primeiro passo é decidir seu objetivo, que pode ser chegar ao topo depois de três horas de subida. A partir daí é preciso colocar sal na aventura, ou seja, definir sua estratégia de escalada, que nada mais é do que o método que será escolhido para atingir o objetivo e orientar as ações táticas que serão necessárias. Imaginemos que você se depare com duas opções: subir a montanha em linha reta ou subir circulando a montanha. A subida em linha reta é mais rápida, no entanto, mais íngreme. Exige melhor preparo físico, maior experiência e uma quantidade maior de equipamentos, além de ser mais arriscada. A subida em círculos levará mais tempo, no entanto os riscos serão menores, e se você, assim como eu, não é nenhum montanhista experiente, essa aparentemente é a melhor alternativa.       

Reparem que a partir da definição da estratégia de subida é que iremos para as ações táticas, que incluirão as definições de roupas e calçados mais adequados, instrumentos de localização necessários, provisões de lanche e água estabelecidos, horário de início, entre outros itens a serem considerados para a execução da estratégia e cumprimento do objetivo.

Imagine se pulássemos do objetivo direto para a tática. É muito provável que levaríamos alguns equipamentos que só seriam úteis para a subida em linha reta aumentando o peso na mochila para a caminhada. Também poderíamos preparar uma quantidade menor de comida e água acreditando que levaríamos menos tempo na jornada. Enfim, sem a estratégia ficaríamos desorientados, colocando em risco o objetivo final.

Essa coluna mensal será exatamente para debatermos a importância da estratégia. Espero contar histórias, compartilhar boas práticas e principalmente debater sobre as organizações que vem puxando a fila do tempero certo para o contexto do novo paradigma empresarial, atuando como verdadeiras plataformas de negócios e revolucionando radicalmente a economia e a sociedade.

Seja bem-vindo e espero você para a próxima coluna!