INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: UMA OPORTUNIDADE INEVITÁVEL - ANDRÉ GUIMARÃES

Inova em Foco

02 Agosto, 2018

Aqueles que foram meus alunos de Gestão Estratégica de Negócios na Inova devem se lembrar de um caso envolvendo a Tesla Inc. que sempre conto em aula como sendo um exemplo real de uso da Inteligência Artificial (IA) em negócios estratégicos. No dia 1º de Abril de 2015 (April Fools Day, nos EUA), como de costume, muitas empresas do Vale do Silício fizeram as suas brincadeiras de primeiro de Abril, algumas declarando falências e outras lançando produtos de gosto duvidoso. A Tesla anunciou que estaria entrando no mercado de "smart watches" através do lançamento de um relógio com mostrador no formato do Big Ben e que poderia "dar as horas" em qualquer lugar do mundo além de informar o dia do ano corretamente. Uma piada, estava bem claro. Poucas horas depois do anúncio ser veiculado em portais de notícias, no site da empresa e em outros veículos de comunicação, as ações da empresa começaram a subir rapidamente acarretando um ganho de quase 120 milhões de dólares para a empresa em poucas horas. Nos restaurantes, cafés e supermercados, pequenos, médios e grandes investidores acabaram por receber recomendações de compra para as ações da Tesla. O barulho foi grande. Alguma agência de broker mais cautelosa resolveu entender o que estava acontecendo antes de tomar qualquer decisão e descobriu que as recomendações de compra vinham automaticamente dos algoritmos inteligentes e softwares criados para acompanhar as notícias de mercado e fazer recomendações de compra ou venda de ações para os clientes. Ao espalharem a notícia de que, na verdade, não havia nenhuma razão para a supervalorização repentina dos papéis da empresa, os mesmos investidores começaram a vender suas ações com a mesma velocidade de antes, acarretando na rápida desvalorização das ações que terminaram esse 1º de Abril bem abaixo do valor que possuíam no início do dia. A grande lição do dia: algoritmos de inteligência artificial aparentemente não possuem o mesmo humor dos seres humanos. Também aparentemente não entendem ironia e sarcasmo. Bom, por enquanto não. 

Existem muitos outros exemplos de como a IA vem transformando os negócios em muitos outros setores da economia. 

A Climate Corporation, desenvolvedora do Climate Basic, também utiliza a IA como base de seu aplicativo que, operando de forma autônoma, fornece informações relevantes sobre o clima e o meio-ambiente e que é usado atualmente por muitos agricultores nos EUA.  O aplicativo baseia-se em registros locais de temperatura e erosão, precipitação esperada, qualidade do solo e outros dados ambientais para determinar como maximizar os rendimentos de uma dada região produtora. Se for esperada uma frente fria e chuvosa, o aplicativo irá informar quais áreas não deverão ser irrigadas naquele determinado dia. Como o próprio Departamento de Agricultura dos EUA observou, o uso de inteligência artificial em toda a indústria produziu as maiores colheitas da história do país.

IA é uma oportunidade inevitável. Muitos líderes empresariais estão cientes do valor potencial da inteligência artificial, mas ainda não estão preparados para tirar vantagem disso. Na pesquisa de QI Digital da PwC em 2017, com altos executivos do mundo todo, 54% dos entrevistados disseram que estavam fazendo investimentos substanciais em IA hoje. Mas apenas 20% disseram que suas organizações tinham as habilidades necessárias para obter sucesso com essa tecnologia.

Atualmente, no mundo empresarial, a categoria de IA que mais cresce é o aprendizado de máquina, ou a capacidade do software de melhorar sua própria atividade analisando as interações com o mundo em geral. Os casos acima são exemplos de aprendizado de máquina. Essa tecnologia, que tem sido uma força contínua na história da computação desde os anos 1940, cresceu dramaticamente em sofisticação durante os últimos anos e sua participação no mundo empresarial ainda está nos primeiros movimentos.

Ao mesmo tempo em que a IA ameaça a perda de um número quase inimaginável de empregos, também é um empregador faminto e insatisfeito. A falta de pessoas qualificadas em tecnologia de aprendizagem profunda e análise pode muito bem se tornar o maior obstáculo para grandes empresas no futuro. As maiores oportunidades podem, portanto, ser para pequenos e médios empresários que não precisam de escala para competir com grandes empresas. Pense nisso!