Inovação em Aprendizagem- Inovação pedagógica e eficiência operacional podem andar de mãos dadas? - Lars Janér

Artigo

22 Agosto, 2018

Cada vez mais as escolas brasileiras estão sendo pressionadas a passar por uma transformação digital radical, muitas vezes partindo de um ambiente tecnologicamente limitado. Muitas vezes, a motivação por trás da implementação de tecnologia é dar mais eficiência ao sistema e agilizar  operações. Assim como no comércio e na indústria, muitas escolas estão acumulando e analisando dados para ajudar na tomada de decisões em áreas como orçamento e finanças, recrutamento de estudantes, treinamento de pessoal e matrículas. Automatizar tarefas como comunicação com alunos e cobrança economiza tempo da equipe e dinheiro da instituição.

Para alguns críticos, otimização de processos internos e melhora da qualidade do ensino não são companheiros naturais e existe um receio de que as tarefas de automação possam diminuir a eficácia do ensino e da aprendizagem. A verdade é que eficiência operacional e  ensino de qualidade podem sim ser alcançados simultaneamente.

Para que isso aconteça, é crucial que os projetos de tecnologia sejam orientados por metas pedagógicas, e não apenas por TI ou pela gerência. E para garantir que a inovação tecnológica leve a uma melhor experiência de aprendizagem para todos, os professores devem estar envolvidos em todos os aspectos do processo de tomada de decisão e aquisição, permitindo que eles se sintam capacitados e continuem a colocar sua própria marca nas aulas e cursos. Quando o ensino e a aprendizagem estão no centro de um projeto de tecnologia, a tecnologia pode aumentar a eficiência, economizar tempo e melhorar a experiência do professor e do aluno.

E por mais que a muita gente concorde que o uso de tecnologia contribui para a eficácia do ensino, o fato é que a interação, eficácia e utilização criativa e com empolgação seriam muito maiores caso o corpo docente tivesse papel determinante no que envolve essas decisões. 

Uma consequência natural da baixa influência dos professores nessa questão é o uso de plataformas "não-oficiais", para conseguir realizar o que as "oficiais" não entregam. Muitos professores mantêm essa prática. E alguns dos problemas relacionados às ferramentas não oficiais são: a falta de acompanhamento do progresso de aprendizagem e o volume de informações não relacionados ao curso - em aplicativos como WhatsApp e Facebook por exemplo. 

Para garantir que o pleno potencial do uso da tecnologia na educação seja atingido, a missão dos professores é adaptar seus métodos de ensino para agregar os benefícios da tecnologia em sala de aula. Não podem mais apenas esperar que os alunos absorvam passivamente o material. Pelo contrário: devem motivar uma parceria de colaboração com os alunos - que são capazes e dispostos a ajudar a orientar suas próprias jornadas de aprendizagem. Usada corretamente, a tecnologia não é mais uma tarefa adicional para os professores dominarem, e sim um capacitador, facilitando, engajando e motivando o ensino.

Por fim, ao automatizar atividades como a avaliação e notas, o tempo dos professores pode ser liberado para fazer o que fazem de melhor: ensinar. Mas para que a tecnologia seja um verdadeiro facilitador, ela deva sempre ser adquirida com um objetivo pedagógico firme em mente. Se a tecnologia for escolhida unicamente para cumprir um uma função de eficiência gerencial, ela acaba não cumprindo seu papel mais importante: apoiar os professores na sua importantíssima missão.