Inova em Foco - A inovação da Inovação

Inova em Foco

05 Maio, 2017

Já repararam que sempre que ouvimos a palavra Inovação, automaticamente, vem à nossa mente aplicativos, robôs, tecnologia?

Mas, inovação não é tecnologia. Inovação é um processo, que existe a mais tempo do que muita gente imagina.

A humanidade sempre dependeu de inovação para se desenvolver. E muito se inovou ao longo do tempo, principalmente nos últimos anos.

Mas, como regra geral, inovação era um processo que misturava genialidade, trabalho duro de poucas pessoas e muito investimento.

Isso fazia a inovação ficar, de maneira geral, concentrada em grandes industrias, exceto pelos convênios feitos entre empresas e universidades.

Como consequência, por mais que existisse espírito inovador entre lideres ou funcionários de uma empresa, se ela não tivesse acesso a recursos que pudesse financiar o processo, caro e cheio de riscos, da inovação, pouco era feito.

Por isso, até o inicio do século 21, vimos a inovação ficar concentrada em gigantes. O livro "Feitas para Durar" mostra alguns exemplos de corporações que tiveram na inovação o motor da perenidade de seus negócios.

E veio o século 21! E com ele a massificação da internet, embasando o surgimento das redes sociais, que revolucionaram o jeito como a interação entre pessoas e empresas fosse feita.

O processo de inovar precisou ser renovado. Confinar a inovação a quatro paredes, além de caro, passou a ser ineficaz. O conhecimento e a criatividade, geradas e potencializadas pela facilidade de comunicações e interações entre pessoas, empresas e academias fez aparecer um novo caminho para o processo da inovação e a redefiniu, criando a chamada Inovação Aberta.

Ainda temos, e precisamos ter, grandes empresas investindo em P&D. Mas surgiram outros "atores", como a nomenclatura da inovação gosta de chamar, que, através de sua interação diversificada, formam os chamados "ecossistemas".

Grandes empresas, universidades, investidores, empreendedores e start ups são alguns exemplos de atores que interagem de forma dinâmica, formando diversos ecossistemas da inovação aberta.

Usar inovação como fator de competitividade deixou de ser exclusividade de grandes empresas. Empreendedores sem recursos, mas com bons planos de negócios, conseguem hoje investimentos de "anjos". E, com esse investimento, executam seus projetos colaborando, muitas vezes, com outros empreendedores. Prova viva desse novo mundo são as Fab Labs (Laboratórios de Fabricação) que se espalham pelo país, ou os coworkings destinados à colaboração, como o Cubo, em São Paulo.

E quem opera neste novo processo de inovação é um novo tipo de profissional. Não basta ser bom tecnicamente, conhecer o mercado ou o produto. Se não souber colaborar, ouvindo, contribuindo, perguntando, desafiando os vários atores com os quais interage, corre o risco de ficar para trás.

Sentar sobre uma ideia e querer desenvolvê-la sozinho é coisa do século passado. Colaboração é palavra de ordem. Aquele software que você precisa para rodar sua ideia pode já ter sido desenvolvido. Aquele sensor ou outro componente necessário em seu projeto pode estar em uma start up pertinho de você. Então, por que perder tempo e dinheiro reinventando a roda?

 

A inovação que assistimos no processo da inovação se baseia em recomendar o que soaria estranho anos atrás, que é a colaboração externa em projetos tidos como confidenciais, formando, para isso, uma nova rede de atores, um novo ambiente, onde cada um sabe que tem muito, mas não tudo, para vencer sozinho.

 

 

Elcio R. Damaceno é engenheiro mecânico formado pela UNICAMP, especialista em Marketing pela ESPM e mestrando pela UNICAMP. É professor nas áreas de Marketing, Inovação e Estratégia Empresarial em escolas de negócios e faculdades de Campinas. Tem mais de 20 anos de experiência profissional, passando por empresas multinacionais, principalmente 3M do Brasil. Atualmente é gerente de Marketing de Produto e Inovação na Fundação CPqD, em Campinas/SP, membro do conselho de mentores da agência Inova Unicamp e mentor do programa Acelera Start Up, do CIESP.