Cultura de Inovação - 8 Pilares da Inovação - O Comitê de Inovação - por Charles Schweitzer

Artigo

14 Outubro, 2019

MODELOS MENTAIS

Naturalmente quando se pensa em montar um Comitê de Inovação, tenderemos a escolher pessoas que demonstrem ser inovadoras ou um apetite enorme por inovar. Mas, isso é uma enorme armadilha.

O Comitê de Inovação não é uma Squad de Inovação. O Comitê de Inovação é o habilitador da inovação na companhia. Portanto, o Comitê em si, não precisa de inovadores, mas, sim, pessoas capazes de facilitar o processo de inovação acontecer.

Uma vez tendo isto claro, a próxima armadilha, é rechear o Comitê com cargos de liderança como Gerentes e Diretores. Desejo boa sorte, se seguir neste caminho, especialmente no que diz respeito a compatibilizar a agenda deles com a agenda do Comitê em si.

Então, vamos cair na terceira e última grande armadilha: "Estamos montando um Comitê de Inovação, quem gostaria de participar"?

Comece assim e você vai viver um verdadeiro inferno. Inovação é um tema "sexy" e, em sendo assim, muita gente vai querer participar sem ter a menor vocação para o que, de fato, é a missão do Comitê. 

FORMANDO O COMITÊ

Um comitê performante não deve ser maior do que um comitê alimentável por uma pizza, ou seja, não deve ter mais do que 8 pessoas. O rigor deste número é aplicável à agenda do comitê, mas não a projetos especiais do comitê. 

Cada membro deve ser selecionado de forma muito criteriosa e, depois de rodar o modelo por vários anos consecutivos, posso afirmar que:

1. Não se apresse em montar o comitê. Você pode começar a agenda com 1 ou 2 pessoas apenas. Permita que elas enxerguem valor na agenda. Divulgue a agenda.

2. Permita que esses seguidores iniciais indiquem outras pessoas para o Comitê. Você vai se surpreender com a quantidade de colaboradores incríveis que voam abaixo do radar. Não são líderes de crachás ou cargos, mas genuínos facilitadores.

Mas, afinal, quem deve fazer parte do Comitê?

O comitê mais performante que consegui montar até hoje reunia pessoas das seguintes áreas da companhia:

Arquitetura de Sistemas: toda e qualquer solução escalável, envolverá o uso de tecnologia. O papel de um arquiteto é primordial na avaliação da solução desde o seu início. Não raro, o arquiteto está envolvido com o Roadmap de projetos e com a definição do Stack Tecnológico da companhia. Ter um arquiteto no time, é ter a segurança de que TI não será um obstáculo à inovação.

Jurídico: NDA's, contratos, Lei Geral de Proteção de Dados, riscos... Tudo isso faz parte do jogo. Um advogado envolvido com a agenda de inovação passa a entender a velocidade das Startups e ajusta-se de acordo. Mais do que isso, facilita o processo de se fazer negócios entre empresas de tamanhos desproporcionais. Ter um contrato ou NDA com multas milionárias pode fazer todo sentido quando estamos falando dos gigantes tecnológicos, mas com uma Startup? O mesmo vale para formas e processos de pagamentos.

RH/Desenvolvimento Responsável: Inovação, embora em grande medida, toque tecnologia, isso nem sempre é verdade. As inovações que tiverem impacto sobre as vida dos colaboradores podem precisar do suporte de RH. Para além disso, em minha última experiência pude ter, em um único recurso, uma pessoa extremamente engajada com o Desenvolvimento Responsável, ou Sustentabilidade. Este fato sempre garantiu que nossa visão sobre inovação fosse a mais ampla possível. 

Merchandising/Marketing: A materialização, física, de uma ideia, passa por Marketing ou Merchandising. Uma inovação tem o poder, de com seus KPI's, transformar regras de Marketing e Merchandising, mas também Marketing/Merchandising tem papel fundamental em dar os limites de como uma ideia pode se materializar fisicamente.

Financeiro: As estruturas mais formais da companhia, antes de tomar a decisão de escalar uma ideia, podem querer ver as finanças por trás da ideia. Um financeiro pode suportar os inovadores neste processo.

Comunicação: O Comitê e as inovações precisam de visibilidade dentro da organização e, também para o mercado. Alguém de comunicação precisa fazer esse papel de facilitação, dando notoriedade ao comitê, às inovações e à companhia no ecossistema de inovação.

Dados: A diferença entre uma ideia e uma inovação é que a inovação está implantada. Se está implantada, seu resultado pode ser medido. Medir, nem sempre é simples, uma vez que os KPI's podem estar dispersos dentro da estrutura de dados da organização. O membro de dados é quem pode, em conjunto com o Financeiro, provar o valor de uma ideia.

AGENDA DO COMITÊ

O comitê, em sua base regular, deve se encontrar no mínimo 1 vez por mês. Idealmente fora da organização. 
A agenda deve sempre permitir ao grupo de se inspirar, portanto, pode incluir eventos, reuniões de benchmarking em empresas de outros segmentos, visitas às incubadoras/aceleradoras de Startups e deve sempre conter briefing e debriefing. 
O principal objetivo da agenda é que seja uma agenda positiva e de desenvolvimento para quem fizer parte do comitê. Transformar estas pessoas tem o poder de transformar a organização.

LET'S GO!

Forme a sua convicção. O Comitê de Inovação acaba sendo uma camada muito importante de colaboradores independente de seus cargos. É fundamental que seus membros consigam em pouco tempo mover equipes e processos a serviço da inovação. A liderança de inovação deve estar preocupada com a construção e manutenção de uma agenda positiva para este time, para que, então, este time possa transformar o ambiente para a inovação.