COO do Futuro - Ecossistema das Startups - por Antonio Grandini

Artigo

03 Julho, 2020

Como o ecossistema de Startups pode ajudar na implantação da Indústria 4.0

José Eduardo Azarite e Antonio Grandini


Nos demais artigos do Ciclo de Reflexão 4.0, entendemos que o retorno a qualquer nível de normalidade não deverá acontecer antes do segundo semestre de 2021. E será uma condição de trabalho completamente diferente daquela com a qual estávamos acostumados antes da pandemia. 

Cruzaremos este período carregando o peso de uma crise que irá nos obrigar a buscar alternativas pouco usuais, que quebrem as condições conhecidas atualmente. Colocaremos nossa operação em um outro patamar, principalmente, fazendo uso de inovações disruptivas, já que só as incrementais, seguramente, não serão suficientes. 

Neste Ciclo de Reflexão, estamos percorrendo uma jornada que representa o roadmap de implantação de I-40 da Inova Consulting e, dentro dele, entendemos que temos 5 áreas de expertise que devem ser contempladas:

  • Cadeia de Valor e Suprimento
  • Planejamento Estratégico
  • Pessoas
  • Finanças
  • Ecossistema de Startups

Basicamente todas fazem análises e entregam perspectivas bem específicas, direcionadas ao seu core, exceto em Pessoas e Finanças, que acabam sendo transversais e presentes em todas as outras áreas. Entretanto, entre todas, as que mais têm poder de agregar agilidade, inovação, valor e resultados de curto prazo, são as Startups

Sem as amarras e processos burocráticos usuais aos tradicionais métodos de pesquisa e desenvolvimento, elas são mais leves e ágeis para buscar, com mais naturalidade e rapidez, respostas às demandas do que de fato o mercado e as pessoas necessitam naquele momento, entregando soluções efetivas e disruptivas, que surpreendem e encantam quem as espera. Elas nascem de fato centradas no consumidor. 

Muitas empresas encorpam o lastro que seus processos lhe conferem e potencializam mais ainda sua miopia, aplicando a política do "not invented here" - valorizando somente o que é feito em casa e ignorando todos os benefícios que a inovação aberta pode entregar. Para complicar ainda mais o processo, podemos levar também em conta as suas condições organizacionais e estruturais, suas posições políticas e estratégicas, as quais lhe causam ainda maiores perdas na capacidade de inovar com disrupção. 

A travessia do vale da morte - toda startup quando inicia sua jornada, enfrenta uma situação extremamente crítica, que é determinante e a deixará no limiar entre o fracasso e o sucesso, porém, pode acabar lhe conferindo uma resistência muito grande, alimentada por sua capacidade de absorver todo o aprendizado que lhe será oferecido durante a travessia. 

Nesta fase, como a estrutura ainda é precária e condições operacionais provisórias, os recursos humanos são limitados basicamente aos sócios, e o financeiro restrito a um aporte inicial, ou o capital investido pelos fundadores. Tudo isso, operando ainda uma "idéia" de produto ou serviço, sobre uma "tese" a ser comprovada, usando processos ainda experimentais, para chegar de fato, no que seu consumidor/persona, necessita naquele momento. E no mundo MUVUCA que vivemos, sabemos que este momento pode ser muito breve, ou seja, as teses devem ser comprovadas, rapidamente. 

A prática da experimentação, colaboração, improvisação, simulação, testes, pesquisa de campo e científica, trabalho intenso e muita resiliência, são comportamentos e ferramentas necessárias, nesta fase, para movê-los na direção do sucesso, que será a comprovação de sua tese, por meio de uma proposta devidamente testada/comprovada (protótipo - MVP) e aceita pelo consumidor. 

Esta é a fase chamada travessia do vale da morte, pois ao final, se todas as teses se mostrarem verdadeiras, os empreendedores alcançam o sucesso e já podem buscar uma segunda onda de recursos financeiros para começarem a tracionar, pois já tem um caso de sucesso nas mãos. Depois disso, resta apenas dar start às operações. Caso contrário, o insucesso significa que é hora de encerrar as atividades, contabilizar e absorver as perdas. 

Todo este processo, de cruzar o Vale da Morte, acaba criando um ambiente onde se observam quatro características básicas, que criam um forte senso empreendedor, construindo o espírito das Startups

  1. todos os envolvidos estão no mesmo barco, remando com a mesma força, direção e ritmo - equipe enxuta, alinhada, concisa e com claro direcionamento de propósito e objetivo. Um ambiente onde praticamente não há dificuldade de comunicação; 
  2. elas acabam deixando de lado o mapa e focando no terreno - neste momento, seus processos ainda não são maduros, as atividades são feitas de acordo com a necessidade de avançar no desenvolvimento da idéia e buscar um protótipo, criando situações onde continuamente é necessário tomar a decisão de continuidade ou não do caminho escolhido - a pivotagem - segue ou volta; 
  3. o ego fica de fora, e o Cliente é quem manda - O desenvolvimento do seu produto vem de fora para dentro. A necessidade é identificada no Mercado com seu consumidor, a proposta de produto/serviço são feitos a partir de estudos e do entendimento sobre o que o seu Consumidor necessita, e é necessário para ele, naquele momento; 
  4. coragem e velocidade para decidir - pensar e agir rápido, decidir se avança ou retorna, dinâmica contínua de checagem e verificação. Em outras palavras: se errou, aprende com o erro e incentiva a tomada de decisão, sem procrastinar. Nestes casos, geralmente os erros são pequenos e baratos. 

Estas características determinam a forma como as startups operam. E, na prática, este processo pode levar uma startup do diagnóstico de uma necessidade à sua disponibilização ao mercado, em três meses. Podendo, inclusive, entregar escala em seis meses. Prazos impensáveis frente a realidade das organizações tradicionais que conhecemos. 

Com um quadro formado por oferta de capital, senso de empreendedorismo geral da população aflorado enorme necessidade da busca, cria-se o ambiente adequado para que Startups surjam. Como observamos, elas podem conseguir atuar de forma rápida, para entregar soluções necessárias ao Mercado, absorvendo agilmente o espaço das grandes e pesadas organizações. 

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Desta forma, agilidade e inovação, prevalecem no processo de implantação da I-40, em um ambiente em que a Inovação aberta é cultivada, aumentando fortemente a probabilidade de se encontrar soluções de forma rápida e barata, do que usando a via do auto desenvolvimento. Nessas condições, o solo fica fértil e se torna muito mais fácil encontrar soluções disruptivas que entregarão o valor necessário para podermos avançar nas resoluções da dificuldades que temos nesta crise que está instalada, garantindo, assim, a evolução dos nossos negócios. 


Quanto maior a incerteza, maior a necessidade de Inovar! 

Das lendárias cartas náuticas aos sofisticados instrumentos de navegação, nos salta aos olhos que, num mar revolto de dúvidas sobre o futuro de empresas, produtos, profissões e modelos de negócio, a inovação pode parecer tão necessária como jamais a consideramos. Afinal, estamos numa época em que o inimigo real não só é invisível e não vem do mercado, mas vem de atropelo, sem se apresentar e com o poder de mudar comportamentos e crenças, além de acelerar transformações numa velocidade ainda não experimentada. Quem ousaria dizer que estava preparado? 

E quando uso o termo necessária é porque há métodos e procedimentos por trás da inovação, mesmo que muitos se contentem com o chamado "teatro da inovação ", no qual grandes empresas são seduzidas pela contratação de um C-Level Innovation Head ou pela criação de espaços coloridos e descolados, além da realização de Silicon Valley Tours, seguidos da solene criação de um Innovation Lab que possa ostentar um rico post-it TM environment para dinâmicas criativas até "quase MVP". 

Agora, mais do que nunca, as companhias estão sob pressão para inovar e fazer seus produtos, operações e modelos de negócios mais atraentes e competitivos , sob o risco de perder perigosamente a relevância no pós-pandemia. Entretanto, podemos lançar mão da "inovação " em suas diferentes facetas: Disruptiva ou Incremental e seus impactos nos modelos de negócio e cultura de empresa. 

Fazer tudo isso internamente ou sozinho é um desafio constante para se mostrar viável, minimamente para seu CFO, CEO ou mesmo Conselho de Administração, que rapidamente virão com a busca do "ROI da Inovação". É claro que você corre o risco de ficar sem resposta sustentável se não tiver uma estratégia pautada por metodologias estruturadas de "Inovação", que aliem metodologias ágeis com a estratégica inserção em um ecossistemas de inovação aberta no qual existam diferentes stakeholders, com os quais suas ações se complementam e ganham significativa sinergia. 

É nesse contexto que acreditamos que Inovar é uma jornada que passa por um momento de transformação cultural, por meio da construção de um mindset colaborativo, lean e ágil nas ações individuais e nas estratégias corporativas. O próximo passo será o de construir um conjunto de instrumentos e ferramentas fortemente pautado por uma inserção assertiva em ecossistemas de inovação aberta em que sua habilidade central será saber navegar precisamente e estar aberto ao novo e ao surpreendente, mas, acima de tudo, ter a consciência de que muito da disrupção que você procura está em empreendedores internos (intra-empreendedores), externos (startups) e nos centros de excelência ao seu redor (Institutos de Ciência e Tecnologia). Antes de tudo, deve se levar em conta a sua habilidade de criar valor a partir de processos estruturados de navegação nos tais ecossistemas de inovação e empreendedorismo de alto impacto. 

A figura a seguir mostra em detalhes os atores essenciais cuja conexão com a sua estratégia não é tão óbvia como se presume das visões simplistas, mas que, caso a caso, devem ser identificados a partir do que chamamos de Challanges Workshops ou Innovation Workshops que tragam avanços culturais e de mindset a partir de metodologias baseadas em um misto de Design Thinking, Lean Startup e Agile. Fundamentalmente, o foco deve ser em resultados de negócio , o quais serão medidos por métricas que possam ser compreendidas por CEO ́s, CFO ́s e por Conselhos de Administração, cuja educação cultural para este "novo", também farão parte da construção da sua jornada.

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