Capitalismo Consciente - Quatro passos para empreender através das práticas de um capitalismo mais consciente - por Thomas Eckschmidt

Artigo

10 Setembro, 2018

A grande maioria dos empreendedores nasce capitalistas conscientes INCONSCIENTE. Parece até uma incongruência. Porque se a grande maioria dos empreendedores nascem capitalistas conscientes e o capitalismo parece "quebrado"?

Isso porque a grande maioria deles está operando em estado inconsciente, o que permite que as pressões de curto prazo assumam o controle do modelo mental sobre a intenção original.

O que vamos explorar aqui é como trazer mais consciência para essa jornada de empreendedorismo de impacto que está vindo para transformar o nosso mundo em um lugar melhor para todos.


Muitos não se consideram capitalistas conscientes. Provavelmente você sabe que não é "inconsciente". Mas será que em todos os momentos do seu dia - ou das semanas, ou do ano - suas ações e iniciativas estão totalmente alinhadas com o verdadeiro foco do negócio? Certamente, quando temos uma equipe motivada, um plano bem claro e uma boa execução, asseguramos um bom crescimento do negócio. Ou seja, o negócio depende de várias alavancas para realmente avançar. Como saber qual é a melhor delas para garantir o seu sucesso? Às vezes, olhamos para outras empresas e temos a impressão de que elas têm uma fórmula secreta de sucesso, que garante um engajamento muito mais alto e um sucesso maior.

 

Empresas como Whole Foods, Porto Seguro, Jacto, BMW, Tata, e várias outras no Brasil e no mundo, se destacam por terem descoberto a receita mágica para o sucesso, adotando princípios de um capitalismo mais consciente: uma filosofia de negócios que provou ser, ao mesmo tempo, inspiradora e altamente lucrativa (conheça mais no livro Capitalismo Consciente Guia Prático (Harvard) publicado em português pela Editora Voo).

 

A ideia dessa filosofia de negócio está baseada em quatro fundamentos que rege de maior ou menor profundidade a grande maioria dos movimentos que estão repensando o capitalismo como Capitalismo Criativo, Capitalismo Inclusivo, Sistema B, Economia Circular, Economia do Compartilhamento e muitas outras que surgiram no início deste século ou na virada do século.

Os 4 fundamentos são: Liderança Servidora, Propósito Evolutivo, Integração dos Envolvidos (Stakeholders), e Cultura Responsável.


A aplicação desses princípios de forma estruturada e consciente tem garantido as empresas um resultado exponencial no médio e longo prazo e muito superior à média do mercado, independentemente de setor de atuação, tamanho ou tempo de vida da empresa.

 

Mas essa filosofia não deve ser confundida com filantropia, práticas de sustentabilidade ou Responsabilidade Social Corporativa. Ela já provou ser uma forma mais eficiente de gerar maiores e melhores resultados, inclusive financeiros, e é altamente aplicável para empreendedores que estão motivados por uma causa maior de transformação da sociedade. Vários empreendedores aplicando estes conceitos já percebem uma grande mudança no desempenho de seus negócios, em empresas como 99Jobs, ResolvJá, Okena e YouGreen.

 

Você ainda tem dúvidas sobre o potencial das empresas conscientes? No livro "Capitalismo Consciente Guia Prático", onde eu e meu coautor Raj Sisodia demonstramos que o desempenho das empresas conscientes ou humanizadas é 10 vezes superior à média das ações na bolsa de valores de Nova York (S&P500).

 

O desafio de reexaminar toda a estrutura de sua empresa pode ser algo assustador. Startups e pequenas empresas conseguem fazer uma mudança muito mais rápida e de maior impacto em um prazo muito menor. Navios maiores têm maior dificuldade em ajustar a rota do que barcos menores. A boa notícia para os empreendedores é que nós podemos e devemos despertar a consciência para essas práticas e integrá-las no DNA de nossa organização. Não existe um caminho único para iniciar essa jornada. É preciso ter uma coisa em mente: não é fácil aplicar os quatro princípios do Capitalismo Consciente de uma só vez, cada um deve buscar a sequência que é mais lógica para sua jornada pessoal.

Um exercício gratuito disponibilizado pela comunidade do Conscious Capitalism no mundo está disponível no site https://CCActivator.org. Essa autoavaliação vai permitir que você estabeleça prioridades de curto prazo para avançar em direção de uma operação mais consciente.


 

Para você se inspirar e aplicar o Capitalismo Consciente na sua vida e na sua empresa, resumo aqui as ideias de cada princípio:

 

1. Assuma uma postura de líder servidor

Aja de forma a empoderar e inspirar seus seguidores: principalmente seus colaboradores e funcionários. Esses dois ingredientes são fundamentais para uma liderança mais consciente. Uma vez que seus empregados sabem que estão respaldados e protegidos, eles passarão esses sentimentos para os próximos, e assim por diante. Crie um plano de desenvolvimento pessoal e replique isso entre seus liderados.

 

2. Busque o seu propósito superior

Conheça histórias de empresas que fazem a diferença e assista a vídeos como o TEDx de Simon Sinek (Golden Circle), que ajuda a entender de onde deve vir o propósito. Esse é definitivamente o exercício mais desafiador, no meu ponto de vista. Ao longo do tempo, ajustamos e reescrevemos, conforme entendemos como estamos causando impacto na sociedade. Nesse princípio, você precisará de tempo para pensar e de certa forma "digerir" o conceito antes de começar a verbalizar o seu propósito. Pense nas seguintes questões: Por que você começou a sua empresa? O que faz você acordar todas as manhãs e ir trabalhar? O que você oferece para seus clientes que vai além do produto ou serviço da empresa? Qual é o impacto que você causa na vida das pessoas?

 

Se quiser levar isso um passo adiante, considere compartilhar e ouvir os seus stakeholders. Entenda como eles se relacionam com o seu propósito e qual o papel deles nessa transformação que você está se propondo a fazer.

 

3. Integração dos Envolvidos (stakeholders)

Ter um bom relacionamento com todos os atores do seu negócio (stakeholders), não apenas os investidores e acionistas, é uma prática que garante uma vantagem competitiva para a empresa. Quando nos preocupamos com cada um dos grupos com os quais interagimos, que também inclui a comunidade onde estamos inseridos e o meio ambiente, estabelecemos relações mais fiéis, criando maior lealdade. Sempre que se relacionar com um stakeholder, vá além da relação utilitária da troca financeira. Busque outros benefícios que possam gerar valor para os envolvidos.

 

4. Desenvolva a sua cultura responsável 

Entenda quais são os valores mais importantes para o sucesso do seu negócio, e escreva os princípios desses valores (como você reconhece cada um em ação). Isso ajuda todos a entenderem e abraçarem esses princípios, praticando-os em seu dia a dia.

 

Leve os seus valores para o próximo nível: reconheça e celebre aqueles com as melhores práticas e que possam ser vistos como exemplos dos valores propostos.

 

Lembre-se: não importa por onde você decide começar a sua jornada, o importante é lembrar que essa é uma jornada de longo prazo. O sucesso não acontece da noite para o dia, mas os resultados são compensadores! 


Não se esqueça, existem recursos gratuitos para apoia-lo nesta jornada como o Activador de Capitalismo Consciente (http://CCActivator.org) e para maior aprofundamento nessa jornada, a próxima indicação seria o livro Capitalismo Consciente Guia Prático (Harvard) publicado no Brasil pela Editora Voo.

 

Boa Jornada!