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COO do Futuro - Indústrias farol? Como seguir as luzes da I40? - por Antonio Grandini

Artigo

25 Setembro, 2020

"Significado de Farol: substantivo masculino.
Torre elevada que possui no seu cimo poderoso facho de luz que serve para orientação dos navios e aviões durante a noite. Marinha Conjunto das velas de um mastro: o farol do artimão. Projetor de luz colocado na frente de um veículo: o farol do automóvel.
[Figurado] Aquele que esclarece, que guia."

No mês passado, nestes tempos em que a insegurança é soberba, relembramos saudosistas das tardes seguras que passávamos quando nossa maior preocupação era a de terminar a lição de casa.

E seguimos inseguros…e neste mês, para aumentarmos nossa sensação de segurança, quero explorar um pouco a importância de termos referências que sirvam de guia quando estamos perdidos ou não sabemos para onde ir.

Neste sentido, imediatamente nos vem em mente o papel que o Farol "Lighthouse" tem na navegação e como dito logo na abertura, ou ele nos referência para saber onde estamos ou ilumina a nossa frente, com a projeção de sua luz veremos para onde vamos.

Neste sentido, pude entender claramente o papel do grupo de Indústrias Farol Lighthouse Factories Network, no contexto em que foi colocado pelo World Economic Forum e pela Mckinsey, em um ótimo artigo de 2019 que encontrei, o qual disponibilizo o link abaixo para quem tiver curiosidade de vê-lo na íntegra. Recomendo!

https://www.mckinsey.com/business-functions/operations/our-insights/lighthouse-manufacturers-lead-the-way/pt-br#


Através de suas ações, líderes da indústria avançam a frente no digital e análise de dados, utilizando as ferramentas do I40 como forma de conseguir resultados significativamente disruptivos chegando ao ponto de terem que ampliar sua atuação dentro da sua cadeia de valor para incluir mais empresas e expandir ainda mais, seus já significativos, resultados alcançados e para partilhar seus ganhos.

O grupo destas empresas, que em Janeiro eram de 44 sites de diferentes setores, segmentos econômicos, tamanho de corporações e regiões geográficas, que atuam intensamente no aprimoramento de suas plantas ou nas redes de suprimentos e valor (ponta a ponta - E2E), nos sinalizam fortemente através de seus resultados, a importância de transformar práticas de pilotos e projetos de transformação em soluções definitivas que integram e transformam estratégias em negócios cada vez mais digitais e inovadores. Duas delas estão aqui no Brasil. A Fábrica do Grupo Renault no Paraná, e a MODEC, de Gás e Óleo no Rio de Janeiro.

Estas empresas passam a representar um importante referencial pelo amadurecimento que estão alcançando e pela forma como tem construído mais do que "cases", verdadeiros históricos de como a Indústria 4.0 pode ser fator de transformação não só de mercados, mas principalmente de "resultados", veja no quadro abaixo de que forma eles têm obtido êxito que vão muito além do ganho de produtividade:

Elas já saíram do purgatório que parece representar a fase de implementação de pilotos, e tem experimentado implementações em escala, alcançando aumentos jamais vistos em eficiência, com um mínimo de demissões ou deslocamentos de funcionários. 

Os reais ganhos que elas têm experimentado em diversas áreas e processos, podem ser vistos em detalhes no LINK abaixo, onde mais de 92 exemplos de projetos que trouxeram ganhos reais a cadeia de valor, incluindo manufatura são bem descritos e listados, e neste caso destaco aqui, os ganhos de nossas representantes.

http://www3.weforum.org/docs/WEF_Global_Lighthouse_Network.pdf


Definitivamente elas são capazes de emitir uma luz poderosa que passa através do espesso nevoeiro que às vezes insiste em esconder a real necessidade que temos em evoluir neste sentido, e seu sucesso de fato traz a sensação de segurança que devemos ter para começarmos a nos mover na direção da jornada da implantação da I40, cumprindo seu papel de farol, de referência.

Através do intenso uso de três tendências tecnológicas - conectividade, inteligência e automação flexível - elas demonstram que adotar uma forma avançada de pensar e agir no que diz respeito ao uso de tecnologia pode criar um mundo melhor e mais limpo, com novos níveis de eficiência em produção industrial. 

Da mesma forma, estes locais ilustram como a implementação em larga escala da I40 pode requalificar e engajar os trabalhadores, com um mínimo de transtornos, acabando com mitos e mal-entendidos que, ao serem disseminados, criam obstáculos à adoção de tecnologias inovadoras em mais larga escala, desconstruindo barreiras que impedem sua implantação em qualquer tipo de organização.

E por que elas nos servem de referência? Por quê elas conseguem destacar as características, os elementos diferenciados e os fatores de sucesso que permitem realizar uma implementação em escala e de formato ideal.

Para se qualificarem como farol, elas devem demonstrar que sustentam altos padrões em quatro aspectos: obtenção de impacto significativo, integração bem-sucedida de diversos casos de uso, plataforma de tecnologia escalável e forte desempenho em alavancas fundamentais, tais como: gestão de mudança, desenvolvimento de habilidades e colaboração com a comunidade da Quarta Revolução Industrial, sendo vistas como referência em seu ecossistema de inovação. 

Os faróis têm um comportamento pautado por seis pontos bem distintos:

  1. Elas injetam capital humano—Ao contrário da preocupação generalizada com a demissão e o deslocamento de trabalhadores, as fábricas-farol não utilizam a I40 para substituir operadores, os funcionários da área de produção podem desfrutar de uma rotina de trabalho que vem se tornando menos repetitiva e mais interessante, diversificada e produtiva;

  2. Elas redefinem seus benchmarks—A I40 difere dos esforços de melhoria contínua que caracterizaram as fábricas por muitas décadas. Ela não é incremental - ao contrário, ela envolve uma mudança de patamar e redefine os padrões dos indicadores-chave de desempenho (KPIs) operacionais e financeiros;

  3. Colaboração e inovação abertas—Os faróis fazem parte de um ecossistema de inovação que envolve universidades, startups e outros provedores de tecnologia;

  4. Empresas grandes e pequenas—É possível notar que inovação é algo acessível não apenas para as grandes organizações, mas também para empresas de médio e pequeno portes, que podem chegar a ter um impacto transformativo ao focar em soluções pragmáticas que não exijam grandes investimentos;

  5. Economias desenvolvidas e emergentes—O acesso a tecnologias não é domínio exclusivo de economias desenvolvidas. De fato, a China é uma das líderes, com um grande número de faróis, enquanto outros estão localizados no leste europeu. Isso mostra que outros benefícios operacionais e financeiros são mais relevantes do que a redução dos custos de mão de obra;

  6. Alto impacto, com intensa utilização de ativos existentes e um mínimo de substituição de equipamentos—Apesar da ideia equivocada de que equipamentos de legado e outras instalações mais antigas criam barreiras à inovação, na verdade, a maior parte desses faróis foram criados por meio da transformação de operações já existentes.

E a jornada pode ser através da Inovação do sistema de produção, onde elas expandem suas vantagens competitivas por meio da excelência operacional e/ou com a Inovação do início ao fim da cadeia de valor (E2E). As empresas criam novos negócios ao mudar os fatores econômicos das operações. Elas inovam por toda a cadeia de valor, oferecendo propostas de valor distintas ou melhoradas aos clientes por meio de novos produtos e serviços, maior customização, lotes com tamanhos menores ou prazos de produção significativamente mais curtos. 

Assim, elas se mantêm focadas em inovar e transformar primeiro uma cadeia de valor, para depois ampliar a escala de aprendizados e habilidades e transferi-las para outras áreas do negócio.

Independente do caminho escolhido para a jornada, se pela produção, pela visão E2E ou ambas, as alavancas devem ser mesma e para potencializar os ganhos de valor elas geralmente se pautam por:

-Tomada de decisão por big data—Tecnologia democratizada—Modo ágil de trabalhar—Custo incremental mínimo para adicionar casos de uso—Novos modelos de negócio—

Porém, trazem em si, quatro atitudes que podem ser definidas como habilidades:

Integram implantação da I40 com negócio e estratégia— Tem Arquitetura de Internet das Coisas (IoT) construída para ganho de escala—Desenvolvimento de novas habilidades nas pessoas—Engajam a força de trabalho (BPTW)—

Olhem de novo, nossa visão sistêmica da tríade: pessoas, sistemas e processos, pautada pelo negócio e com foco no investimento racional dos recursos na implantação.

E como estabelecido pelo WEF, tudo isso só trará o resultado desejado se conseguirmos, ao final, trazemos conosco o compromisso de aumentar e não diminuir os profissionais, manter o entendimento e a premissa de que o Life Long Learning é a regra do aprendizado, que os benefícios trazidos fazem sentido para nos ajudar a encarar o desafio das mudanças climáticas com o uso das ferramentas do I40 e que a inclusão com a disseminação de novas tecnologias vai acontecer em regiões menos privilegiadas e que abranjam toda nossa cadeia de valor, incluindo as pequenas e médias empresas.

Isto posto, depois de fazer aqui um breve resumo sobre quem são, como agem, qual é o comportamento predominante e de que forma as empresas farol cumprem seu papel de iluminar nosso caminho, estabelecendo pontos seguro de parada, para que possamos desenhar nossa jornada, traçando a rota entre onde estamos e para onde vamos, entender nosso nível de maturidade atual e gerar uma lista com ações claras e certeiras para eliminarmos nossas debilidades, bloqueios, mal entendidos e pré-conceitos digitais, passa a ser nossa grande prioridade, é a bússola necessária para enfrentarmos o nevoeiro além do farol.

Nosso índice de maturidade para transformação digital IT40, leva em consideração exatamente os quatro aspectos determinantes que fundamentam os alicerces da construção do Farol:

  1. Visão estratégica;

  2. Relação com tecnologia;

  3. Digitalização I40 e

  4. Pessoas.

Através de um checklist interativo navegando entre estes quatro pilares, ao final, você poderá entender qual será o grau de dificuldade a ser enfrentada na construção de sua rota e procurar qual farol você deseja buscar como referência.

O white paper completo sobre o Índice IT40 será lançado em breve, e no próximo artigo vamos ver melhor como cada uma destas quatro variáveis juntas, podem compor e demonstrar o seu nível atual de entendimento sobre a I40.

Obrigado e grande abraço,


Antonio Grandini

Advisor Negócios 4.0
Inova Consulting e Inova Business School