UNIDADE DIGITAL

COO do Futuro - Descobrindo Oportunidades através da Liderança Consistente - por Antonio Grandini

Artigo

14 Abril, 2021

Olá a todos!


Se existe algo positivo que podemos tirar do biênio 2020/2021, acima de tudo, será a nossa capacidade de sobrevivência, mas também, de refletirmos muito sobre tudo o que está acontecendo.


Acredito que esta prática de reflexão vem sendo alimentada pelo momento que passamos, e com certeza, da nossa capacidade de depuração, de separar o joio do trigo, por tudo o que ouvimos, vemos, lemos, recebemos e compartilhamos, ter a capacidade de discernir somente aquilo que de fato nos importa, faz com que nos superemos e possamos encontrar o que nos "toca" e assim, mergulharmos e buscarmos a reflexão. 


Das leituras que fiz ultimamente, uma das que mais me provocou reflexão foi a do livro - Oportunidades Disfarçadas, de Carlos Domingos - e que trouxe a inspiração para escrever este artigo.


Não só pelo tema em si, mas também pela forma de lidar com todos os nossos medos, novos e antigos, de como podemos usar tudo isso a nosso favor e não contra, em nosso processo evolutivo como ser humano, profissional e líder. Revendo e aprendendo muitas coisas novas, consolidando e fixando algumas outras antigas, mas o principal, sempre nos fortalecendo. 


Seguindo as premissas do "lifelong learning": desaprender, reaprender e prosseguir aprendendo, explorando mais como tudo isso nos afeta em nosso papel de Líder.


A pandemia tornou-se a melhor expressão do termo MUVUCA (1). Vocês sabem que gosto muito deste termo, sempre uso, uns dizem que está desatualizado, não me importo, ele tem um significado e um poder de síntese relevantes para mim. Atualmente, tudo acontece de forma muito intensa, onde a profundidade, velocidade e abrangência das transformações são muito determinantes e marcantes. A verdadeira - MUVUCA.


Além disso, vivemos uma era de transformação, e ela põe em choque duas formas distintas de gestão, a clássica: caracterizada por decisões top-down, foco empresarial prevalecendo um olhar lateral no mercado e uma forte visão de dentro para fora, e a outra, mais atualizada: direcionada por propósito, o que nos leva além de simplesmente trocar hora trabalhada por dinheiro, colaboração, agilidade, inovação e uma visão que vem de fora para dentro.


O papel do líder neste sentido (reforço este ponto!) é o de entender que no caso, não estamos vivenciando "a crise", mas sim,"a crise da vez", isto sim caracteriza o mundo em que vivemos, e será assim nesta condição, que o mundo agora e depois da pandemia vai funcionar. É fundamental entendermos isso! 


Como líderes, temos que ser os primeiros a estar convencidos disto, dando confiança e passando de forma muito clara esta compreensão aos nossos times. Lembra? Walk to talk! Gestão pelo exemplo?


Neste momento, além de ter esta consciência, o líder também deve ter consistência.


Exercendo mais do que nunca o seu lado inspirador. As pessoas estão com medo, inseguras, lidando com muitas incertezas, ressignificando muitas coisas em suas vidas, muitas perdas estão sendo impostas a todos! Inclusive aos líderes!


Aliado ao fato de transmitir a todos que este contexto de mudança e esta sensação de desconforto vieram para ficar, acredito que outra coisa que não podemos nos esquecer, é que o líder também sofre das mesmas angústias. E por mais que possamos (devemos!) ser empáticos, nunca vamos conseguir nos colocar no lugar do outro, sentindo o que ele sente, e vice versa, porque é impossível! Que isso não nos cause mais pressão do que já recebemos! Lembre-se: o irremediável, remediado está!


Podemos sim, e devemos ser mais inspiradores, colaborativos e principalmente, humanos. Qual lado você vai escolher? O do empático inconformado tentando mudar o que não é possível, ou o empático colaborativo que entende o que o outro sente, mas que o suporta na busca de uma solução? Eu prefiro ser o colaborativo.


O líder, neste momento pandêmico, deve saber liderar criando um ambiente correto para que todos possam entender o que estamos vivendo.  Por mais difícil que possa ser a realidade, a sua comunicação deve ser construída com elementos que garantam, de forma inegociável a assertividade, clareza, transparência e sensibilidade humana.


Com a empatia colaborativa e a comunicação humanizada, o Líder construirá o principal elemento de sustentação de sua liderança - a confiança! E neste ambiente, todos se ajudam e colaboram, sendo que aqui não cabem heróis, e sim, times! 


O Líder tem que saber disso. Colaboração é o nome do jogo! 


E não se esqueça: é esperado do líder o protagonismo para garantir que tudo seja feito para entregar a melhor e mais saudável condição de trabalho para seu time. Não importa se fisicamente ou virtualmente. É seu papel garantir e facilitar que estas condições sejam cumpridas.


Não podemos esquecer do tema - Saúde Mental! Devemos ter a clareza de que este é um problema que deve ser enfrentado. Apesar de que todo o contexto seja favorável ao burnout, o papel do líder deve ser o de trazer esta realidade para a mesa e lidar com ela, não fomentá-la e piorá-la!


Cumprindo, então, este papel, assim como na Indústria 4.0, este é o líder que podemos chamar de: líder farol.  Aquele que mostra o caminho, cuida da equipe, facilita e viabiliza seu trabalho, coopera para o desenvolvimento da colaboração no time e que estiver particularmente pronto para exercer o seu principal papel:o de ser humano. Se não estiver pronto para cumpri-lo, ele deve saber a importância de levantar a mão e pedir ajuda!


E, neste contexto, certamente além de nos ajudar a vencer essa terrível situação que vivemos, o líder irá preparar o caminho para que possamos ter um campo fértil ao que vem depois…sim! depois! Esta é a boa notícia, temos um "depois" para trabalharmos, que deve começar a ser construído agora.


Nas crises e nos problemas, é onde encontramos também um excelente terreno para avançarmos, crescermos e evoluirmos. Acredito tanto nisso que posso afirmar que, nos dias atuais, como líderes, além de resolver os problemas, devemos nos esforçar para encontrá-los e não fugir deles. 


Só quem for capaz de resolver conflitos, preencher lacunas, propor soluções criativas para enfrentar situações complexas e conseguir fazer mais com menos terá lugar assegurado nesta nova realidade, que dualiza com a gestão tradicional e que, certamente, não prevalecerá.


Gostaria de chamar a atenção para uma reflexão: Se analisarmos todos os aspectos, comportamentos e atitudes aqui mencionados, não só como uma forma de sobrevivência, mas, sim, como uma forma de acreditar que estamos construindo também uma ponte que nos leve para frente. Enfim, temos uma chance de preparar o terreno, de plantar uma cultura de inovação e de transformação dentro de nossa empresa?


Respondendo: sim! Estas atitudes têm a mesma semente e o terreno estará preparado! De fato, transformaríamos uma grande crise em uma excelente oportunidade de avançarmos com o desenvolvimento desta cultura em nossos negócios.


Sendo assim, sentir aquela sensação de desconforto, ser curioso e criativo, resiliente e principalmente humano, não deve ser só a condição de alguém que enxerga o mundo como exaustivo ou desafiador, mas, sim, daqueles que o enxergam como um campo promissor e repleto de oportunidades, onde poderemos desenvolver todo nosso imenso potencial como líder.


Resumindo - tipping points:


  1. A Pandemia é um problema e uma dura realidade em que "todos" nós estamos sujeitos a suas consequências, mas ela não é "a crise", ela é "a crise da vez";

  2. No mundo MUVUCA (1), outras virão! Esta é a realidade do momento, no mundo em que vivemos;

  3. Estamos em uma mudança de era e não numa era de mudanças! Duas realidades em choque: tradicional versus a atual, o auto-centrado versus a colaborativo;

  4. O Líder deve entender, refletir e reconhecer isso e comunicar ao seu time! (senso de realidade).

  5. Líder Farol! Inspirador! Facilitador! Humano - o líder deve ter "consistência";

  6. Olhar para frente, para o que vem depois. É na crise que preparamos o futuro, o líder tem que ter este sentido e transmitir isso à sua equipe e ao seu Líder! Visão de Futuro!

  7. "Oportunidades disfarçadas", crises são repletas delas, é assim que devemos enxergar o momento em que vivemos. Então vamos procurar problemas e não fugir deles!

  8. Vamos cuidar bem da "nossa" saúde mental! Não piorá-la. O contexto externo já é rude o suficiente para isso!

  9. Acostume-se com estes comportamentos/atitudes: sentimento de desconforto, curiosidade, criatividade, persistência(teimosia?!), e principalmente, a sensibilidade humana.


Nota 1 - MUVUCA - Acrônimo de meaningfull, universal, volatile, uncertain, complex and ambiguous. Termo usado para definir a era em que estamos vivendo atualmente.